Sobrou
pouco no Ceará |
A locomotiva Alco de Fortaleza está
exposta na sede da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) |
ferrovia chegou ao Ceará na época do Império. Em julho de 1870 foi fundada a Companhia da Via Férrea de Baturité, que ligaria a capital, Fortaleza, à serra. O trem chegou a Baturité dez anos depois, em 1882, ainda sob o reinado de D. Pedro II, cujo retrato feito naquele ano por Descartes Gadelha, está até hoje conservado no prédio da estação. Nesta mesma época, iniciava-se a construção da Estrada de Ferro Sobral. |
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A máquina de Baturité foi salva pelo esquecimento |
Em 1919, as obras de expansão das duas ferrovias cearenses viraram frente de trabalho para os flagelados da grande seca que se abateu sobre a região. As duas estradas de ferro, desde 1915 unificadas na Rede de Viação Cearense, passaram a ser subordinadas à Inspetoria Federal de Obras contra a Seca (Ifocs). Em 1920, 12.850 operários estavam envolvidos na construção da ferrovia, inclusive velhos e crianças que pouco podiam ajudar no trabalho. Quando as primeiras máquinas diesel começaram a operar no Ceará, em 1949, a RVC tinha um total de 86 locomotivas a vapor, todas operacionais. Hoje, restam apenas três destas locomotivas e só duas permanecem no Ceará. As outras 83 máquinas foram cortadas e vendidas como sucata, nos anos 60, em nome da modernidade. |
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Em Fortaleza, ficou uma Alco 0-4-0T de manobra da antiga Rede de Viação Cearense. Ela ganhou tender e o tanque foi preenchido com areia para aumentar a aderência e tracionar cargas maiores. Rodou até 1964, puxando o "Trem dos Operários", que ia da Estação Central de Fortaleza até Urubu (atual Demósthenes Rochert), onde havia oficinas, escola e a vila operária da ferrovia. Há dúvidas quanto a data de fabricação desta locomotiva. |
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A estação de
Baturité conserva até hoje um raro retrato a óleo de D. Pedro II em
uniforme militar, datado de 1882. |
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Na placa da porta dianteira da caldeira está o ano de 1912, mas registros da Alco indicam que a RVC recebeu apenas um lote de seis 0-4-0T todas fabricadas em 1921. A segunda locomotiva que restou no Ceará está na estação de Baturité, a 105km de Fortaleza. Sem nenhuma placa, tudo indica que ela, também 0-4-0, pertença ao mesmo lote da Alco de 1921. Esta máquina ficou décadas esquecida enterrada, na Pedreira Monguba, a 29km de Fortaleza. Mas foi justamente este desleixo que acabou por salvá-la da destruição, quando foi descoberta em 1982. |
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