A história preservada  

em São João del Rei

 

 

O trem para Tiradentes continua um sucesso de público

Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) passou a administrar desde setembro de 2001 o complexo ferroviário de São João del Rei, em Minas Gerais. A concessão foi dada pelo Ministério dos Transportes ainda em caráter precário, pelo período de um ano, até que a Agência Nacional de Transportes Terrestres  passe a regular efetivamente o setor. Sob  nova administração,  o museu foi reaberto eo trem de passageiros

A Baldwin 4-4-0, de 1908, é toda original, ex- ceto pelo limpa-trilhos

entre São João del Rei e Tiradentes, que operava com apenas duas locomotivas, agora já dispõe de quatro máquinas a vapor.

O complexo ferroviário de São João del Rei, totalmente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reúne o maior acervo de locomotivas a vapor preservado e original de um mesmo fabricante - Baldwin - e de uma mesma ferrovia - a Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM). No local existem quinze locomotivas Baldwin especialmente fabricadas para bitolinha de 0,76 m, sendo que apenas uma está sucateada. Seis estão operacionais, duas a lenha e quatro a óleo. As outras oito locomotivas estão completas, mas paradas - sete na rotunda, construída em 1882, e uma no museu da gare. O complexo guarda ainda outras três locomotivas de bitola métrica da antiga Rede Sul Mineira: duas Baldwin - uma delas cortada ao meio para demonstração - e uma alemã Schwartzkopff , além de diversos carros de madeira e até um carro funerário, com uma urna no centro para transportar caixão.

No final dos anos oitenta, o complexo de São João Del Rei recebeu a visita de descendentes da família Baldwin. Segundo relato de funcionários da ferrovia, os Baldwin - que chegaram a ser os maiores fabricantes de locomotivas dos Estados Unidos, antes das diesel-elétricas - nunca tinham visto tantas máquinas com sua marca preservadas.

Manutenção na Baldwin 4-6-0 (1912) que tra- ciona o trem para Tiradentes

E o que salvou estas locomotivas, num país que cortou e vendeu como sucata a maioria das máquinas a vapor, quando elas foram substituídas pelas diesel-elétricas ?

O fato das locomotivas da Estrada de Ferro Oeste de Minas rodarem em bitolinha, impediu que elas fossem  espalhadas por outras ferrovias todas em bitola métrica ou larga (1,60m). E como os fabricantes de maquinas diesel não produzisem equipamentos para bitola de 0,76 m,

A única locomotiva sucateada é esta 2-8-0, de 1893

a EFOM continúa operando a vapor.Em todo o Brasil, a tração a vapor foi substituída nas décadas de 1950 e 1960, mas ali  as vaporosas trabalharam duro até o início dos anos 80. Chegaram a transportar 11 trens  diários de cimento entre a fabrica de Barroso e Aureliano Mourão,  em Lavras, onde a carga  passava para bitola métrica e seguia até Maringá, no Paraná. 

Sete máquinas Baldwin não operacionais guardadas na rotunda

   O destino final era a  barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, a 420 quilômetros dali.Considerada uma das maiores obras do século passado, a Usina de Itaipu demandou tanta matéria-prima que teve que buscar fornecedores em todas as regiões do  país, usando a ferrovia para trazer as mercadorias dos locais mais distantes.

A rotunda de São João Del Rei com uma Baldwin 4-4-0, de 1912.

   No pico da construção da barragem  realizada entre 1975 e 1984 - do pátio de transbordo de Maringá saíam rumo a Foz 350caminhões por  dia, com cimento, aço e outros produtos, segundo o livro institucional "Itaipu, a Luz".

Depois disso, a maioria das locomotivas de São João Del Rei foi aposentada, mas o trem turístico para Tiradentes nunca deixou de operar.

O girador de locomotivas em Tiradentes .

   Hoje as caldeiras usam óleo no lugar da lenha para produzir vapor. os fins de semana e feriados chegam aa circular seis trens diários pelos 12 quilômetros de linha ativos, de uma ferrovia que chegou a ter  729 quilômetros de extensão. A venda de bilhetes para o trem São João Del Rei-Tiradentes ( ida e volta custa R$ 14,00, adultos, e R$ 7,00 crianças) e o aluguel de espaços para eventos é suficiente para manter o complexo,  segundo a FCA. Mas a empresa tem planos de recuperar  as instalações através de parcerias com outras empresas.

O trem com a locomotiva já em posição de retorno para S.João