Cruzeiro do Sul: a era do aço

Interior do carro-restaurante do Cruzeiro do Sul, quando o expresso ainda operava.

m 1929 - ano da inauguração dos 500  quilômetros da primeira rodovia  asfaltada entre o Rio e São Paulo - foi lançado o primeiro trem expresso ligando as duas cidades. O noturno Cruzeiro do Sul inaugurou a era do aço nas ferrovias brasileiras, com seus carros em aço carbono. O expresso também ficou conhecido como Trem  Azul

 

 

 

A Velha Senhora restaurada e em estado de marcha no Museu do Imigrante em São Paulo.

porque a composição era azul com frisos dourados.Alguns o chamavam ainda de Trem dos Senadores porque era muito usado por políticos no percurso entre a capital federal e São Paulo. 

   Uma das locomotivas usadas no Cruzeiro do Sul encontra-se preservada pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) no Museu do Imigrante, em São Paulo.Conhecida como a "Velha Senhora", a máquina Baldwin do tipo Pacific (4-6-2), fabricada em 1927, percorreu o trecho Rio-São Paulo até a década de 50. 

A rodagem 4-6-2 caracteriza uma máquina do tipo Pacific  

Aposentada, ficou encostada num desvio em Cachoeira Paulista (SP) entre 1961 e 1979. Foi cedida em convênio pela RFFSA para a ABPF e restaurada em 1998. Até hoje opera o trem cultural de passageiros do Museu do Imigrante.Restaurada em 1998, até hoje opera o trem cultural de passageiros do Museu do Imigrante. Mas se uma das locomotivas do Cruzeiro do Sul foi salva, o mesmo não se pode dizer dos carros de aço carbono.

Os carros em aço carbono sucateados no pátio da Marítima, no Rio

      Uma composição inteira - fabricada pela American Car and Foundry, em 1929 - está completamente destruída e abandonada num pátio da Rede Ferroviária Federal na zona portuária do Rio de Janeiro. São cinco carros-dormitório com nove cabines e um carro restaurante-bagageiro.As cabines eram equipadas com beliche, pia, espelho e cadeira. O carro restaurante tinha mesas cadeiras, poltronas, cozinha, dispensa e o gabinete do chefe do trem, além do bagageiro. Mas hoje só sobraram as carcaças enferrujadas. Um dos carros foi incendiado. Em 1945 o Cruzeiro do Sul teve a tração a vapor substituída por máquinas diesel-elétricas. Em 1950, o expresso ganhou carros de aço inoxidável e passou a se chamar Santa Cruz.